Conheça a cantora e compositora BELA

Assistir ao videoclipe da canção “The Wolf”, nas plataformas digitais, permite descobrir muita coisa. Fica evidente que a cantora e compositora BELA, de 26 anos, tem uma voz encantadora, com delicadeza mas capaz de arrebatar com força o ouvinte. Ela escreve versos em inglês com densidade poética, e ainda apresenta um clipe com rara combinação de beleza, sensibilidade e simplicidade.

Mas há muito mais a ser descoberto. Em seu segundo single, BELA constrói um pouco mais a identidade musical que busca como um desafio pessoal: ser uma artista de folk pop que consiga reunir o melhor de dois mundos, bebendo na fonte de artistas gringos do gênero, mas injetando uma brasilidade, num resultado forte e incomum.

“The Wolf” chega em inglês porque reflete as vivências de quase um ano em Londres, para onde BELA foi, como ela mesmo diz, de mala e cuia. Largou um emprego em agência de publicidade para estudar no BIMM (The British and Irish Modern Music Institute). 

Criança ligada às artes numa família de mãe fotógrafa e tia escritora, BELA se formou em Comunicação na PUC-RJ, mas depois de trabalhar numa agência por três anos percebeu que aquilo era agradável, mas não seria algo capaz de preencher sua vida.

Formada em balé clássico, a música já a acompanhava havia muito tempo, com aulas de canto, participação nos corais da escola e estudos para atuar em musicais. Mas a fagulha que acendeu a vontade de realmente se jogar na música veio pela primeira vez no Lollapalooza de 2016, ao assistir aos shows de Mumford and Sons e Of Monsters and Men, bandas do melhor indie folk do planeta.

“Nem eu consigo muito dizer de onde vem essa ligação com o folk. É um estilo que me toca muito, desde a primeira vez que eu vi o Mumford and Sons ao vivo. Depois, ganhei na agência ingressos para o show de Anavitória e fiquei maravilhada. Tinha um medinho de seguir para música quando era mais nova, mas, em 2019, eu quis fazer essa transição profissional”, recorda.

Ela aprendeu muita coisa em sua vida londrina, muito além das salas da faculdade. Tocou na rua, fez shows, até num lugar onde Ed Sheeran se apresentou, o que conta com entusiasmo de fã devotada. Por conta da pandemia e do lockdown, voltou para o Rio. Mas sem qualquer frustração, porque sente dentro dela um chamado forte para conduzir sua carreira no Brasil.

“Desandar”, seu primeiro single, foi lançado digitalmente antes de ir para o Reino Unido. Escrever em português ou inglês não é determinante. Embora dedique muita transpiração ao ato de compor, sente que as canções estão vagando por aí, e às vezes tem a sensação de ser atravessada pela inspiração. A vontade de levar sentimentos ao papel é forte. Ela se define como uma pessoa observadora. “Não sou falastrona”, diz, rindo. Gosta de notar as coisas não tão aparentes e escrever sobre elas.

“The Wolf” teve origem em um sonho, que relembra com minúcias. “Estava num deserto, cega, não enxergava nada. Sentia o vento. A visão retorna e estou perto de um morro. Há uma corda dourada e um lobo no alto do morro. Acho que essa cegueira representa bem meu momento de mudança, de mergulhar em um mundo totalmente diferente. O lobo pode representar uma força de libertação, no meu caso uma força feminina de seguir o coração, de correr atrás do que quero e não do que os outros pensam ser o melhor para mim.”

Em “The Wolf”, BELA toca banjo, um instrumento essencial para a música folk. Ela domina também o violão e o banjolele, “um banjo pequenininho”, espécie de “parente” do havaiano ukelele. O single foi produzido por Guiga (Guilherme Jarlicht), único amigo brasileiro dela na faculdade londrina. Produzido no Soho Sonic Studio, estúdio aonde artistas como Keane, Leona Lewis e Diplo já gravaram, teve participações presenciais e à distância: Leo Rodrigues (violão), Pedro Mamede (bateria), Leo Jarlicht (baixo) e Maria Palma (backing vocals).

Além dos belos vocais de apoio, que ajudam a formar uma espécie de uivo etéreo, a portuguesa Maria dirigiu e editou o clipe, e também é responsável pelas fotos de divulgação do trabalho. “The Wolf” mostra BELA em um campo florido, com imagens delicadas. “Gosto de mato, do verde. O mood do clipe traduz bem como me sinto bem em contato com a natureza.”

BELA sabe que uma ou duas canções não são suficientes para exibir a identidade de uma artista. Trabalha agora bastante no ambiente digital, em novas composições e gravações. Quer lançar um EP no início de 2021. As novas demos trazem canções fazendo uma série de covers, adaptando músicas de pagode ou outros ritmos brasileiros em releituras para uma linguagem folk.“Quero muito dar mais voz ao folk no Brasil!” 

Eis aqui BELA, artista com uma missão.

Thales de Menezes

Ouça “The Wolf”: https://ditto.fm/the-wolf-bela

             youtube.com/belazaremba

Instagram: @isabelazaremba

Créditos: Fernanda Balbino

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