O Museu das Favelas, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, leva a exposição ‘FAVELA-RAIZ’ para o ambiente virtual.
A ocupação-manifesto marcou a abertura do equipamento, em novembro de 2022, evocando as raízes da favela. Agora, disponível online para o mundo todo, a proposição se reafirma como símbolo de saudação às tradições, à ancestralidade, à maternidade, aos abrigos materiais e afetivos que envolvem os habitantes das favelas e a tudo o que ali foi semeado e colhido.
A mostra é composta por cinco partes. Para abrir os caminhos, há esculturas tecidas em crochê, criadas pela artista Lidia Lisbôa com a colaboração de 7 mulheres do Coletivo Tem Sentimento e da Cooperativa Sin Fronteras, grupos de mulheres da vizinhança do Museu.
Na instalação audiovisual “Visão Periférica”, assinada pela Topográficas com o Coletivo Coletores, imagens de 20 fotógrafos e produtores de conteúdos de diferentes periferias do Brasil. O resultado revela aos visitantes a multiplicidade das experiências nas favelas, despertando memórias afetivas por meio do cruzamento de linguagens.
Há também uma criação sonora do rapper Kayode, exaltando os diferentes modos de se pensar a beleza.
A exposição traz, ainda, uma iniciativa que sintetiza a história do Palácio dos Campos Elíseos, com pesquisa de História da Disputa e produzido com artes em serigrafia pelo Coletivo XiloCeasa. .
Paulo Nazareth – conhecido por suas andanças ao redor do mundo e seu trabalho que questiona os limites da performance como linguagem artística – traz uma das instalações de seu projeto “Corte Seco”, em homenagem à Maria Beatriz Nascimento: uma escultura de alumínio, de 06 metros de altura, retratando essa que é uma mulher negra, historiadora, poeta, intelectual e ativista.
‘FAVELA-RAIZ’, agora em fotos e vídeos ancorados na plataforma Google Arts and Culture, permite que todo o mundo tenha a oportunidade de usufruir e conhecer a exposição, tendo “um gostinho” da experiência de visitação, além de se conectar com o caráter nacional que é dado ao espaço, além de ampliar esse diálogo com tradução para o inglês e espanhol. O conceito central é marcado por fundamentos conectados com o aquilombamento, antirracismo, ancestralidade e pluralidade.
“Essa é uma oportunidade para que pessoas, principalmente aquelas que não podem visitar presencialmente o Museu das Favelas, conheçam as obras da sua primeira exposição temporária. Ao invés de descrevermos para esse público o que está exposto no Museu, agora podemos demonstrar através de fotos, vídeos, além de dar maior visibilidade aos diferentes artistas, das variadas linguagens, que compõem a exposição” comenta Renata Furtado, coordenadora do CRIA (Centro de Referência, Pesquisa e Biblioteca).
São essas e outras narrativas que são construídas para lembrar que favela é uma experiência que marca pessoas, saberes, conhecimentos e territórios, atravessando o cotidiano de milhões de brasileiros. A potência das favelas inspira, então, o que esse Museu se propõe a ser: um local de encontro e acolhimento, incubador de ideias e propositor de movimentos, inclusive digitais.
Localizado no Palácio dos Campos Elíseos, região central de São Paulo, o Museu das Favelas busca uma conexão direta com as experiências de quem vive nas favelas no cotidiano, em sua dimensão individual e coletiva, partindo de um local de pluralidade e diversidade de narrativas que surgem com a proposta de ser um ponto de encontro, de passagem, de acolhimento e de potencialização das favelas, de suas memórias e produções. A busca é por ampliar o olhar para além de uma imagem cristalizada do que é a favela e, também, do que é um museu, construindo uma visão que inclui as vivências que partem de periferias, ocupações, assentamentos, regiões quilombolas, ribeirinhas e outros espaços que são distintos, mas que compartilham as mesmas histórias de segregação e resistência. O Palácio revela, ainda, as ambiguidades socioeconômicas que envolvem territórios favelizados e propõe novos olhares ao prédio, ressignificando-o e permitindo novas possibilidades de refletir sobre as memórias e produções das favelas brasileiras.
A exposição ‘FAVELA-RAIZ’ possui curadoria compartilhada da equipe que compõe a instituição. Já a versão virtual da mostra é assinada pelo desenvolvedor Pedro Sant’Anna.
O Museu das Favelas é uma instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, edifício tombado e sediado no Palácio dos Campos Elíseos. Gerido pela organização social de cultura IDG – Instituto de Desenvolvimento e Gestão, o Museu, nasce de um processo colaborativo com pessoas que vivenciam o cotidiano das favelas, com atividades culturais e educativas voltadas para todos os públicos, sendo um ambiente de pesquisa, preservação, produção e comunicação das memórias e histórias das favelas brasileiras. O Museu conta com o patrocínio da Unilever e Grupo CCR, apoio da Sabesp, cooperação da Unesco e parceria institucional da CUFA – Central Única das Favelas.
O espaço, inaugurado em novembro de 2022, abriu ao público com a exposição temporária Favela-Raiz e instalações externas, o CRIA – Centro de Referência, Pesquisa e Biblioteca, o CORRE – Centro de Formação, Trabalho, Renda e Empreendedorismo, auditório e um amplo espaço de convivência no jardim. Ao longo de 2023, o público poderá conhecer e participar de atividades no jardim, e nas salas do piso térreo e inferior, enquanto os pavimentos superiores são preparados para receber exposições temporárias e outras instalações.
A programação é gratuita. O Museu das Favelas está localizado no bairro Campos Elíseos, em São Paulo, ao lado do Terminal de Ônibus Princesa Isabel. O acesso principal ocorre pelo portão na Rua Guaianases, nº 1024, mas é possível entrar também pela na Avenida Rio Branco, nº 1269. Não há estacionamento no local