A artista plástica carioca Deborah Netto abre a exposição ‘De-lírios’, no Centro Cultural Correios RJ, a partir de 16 de junho, com curadoria de Edson Cardoso e Marcelo Duprat, produção de Renata Costa, apresentando 32 pinturas que trazem elementos da natureza, tais como o ar, a água, as flores, folhagens e jardins, com uso da técnica encáustica, convidando o espectador a viajar por seu fantástico mundo de materialização das inspirações, tons e formas.
“De-lírios” é um trocadilho entre a primeira sílaba do nome da artista e os arabescos florais presentes em suas peças. A encáustica (do gregoenkausticos, gravar a fogo) é uma técnica de pintura que usa cera como aglutinante dos pigmentos, sendo aplicada com pincel ou uma espátula quente. Essa técnica, apesar de antiga, é pouco utilizada, colocando Deborah Netto em destaque nas artes e na galeria de artistas do século XX, como Jasper Johns, Mauricio Toussaint, Diego Rivera, Georges Rouault e João Queiroz.
TEXTO CRÍTICO de Renata Costa
“O artista expressa o que vai na sua alma”.
Deborah Netto
“De-lírios” traduz a expressão da arte de Deborah Netto, criando um trocadilho entre a primeira sílaba do nome da artista e a representação das flores por meio dos arabescos florais de suas obras.
Os ensaios da mente da artista permitem que “De-lírios” surjam através da suave mistura de cores que se entrelaçam e refletem de forma harmônica, a potencial capacidade de criação do inconsciente.
Fazendo uso da técnica encáustica a artista trilhou sua trajetória, fundindo cera aos pigmentos, criando “melanges” de cores que se integram a partir da ação do fogo. Como diferencial as pinturas trazem a inserção de sulcos na superfície e arabescos florais, os quais a artista começou a desenhar na infância, fazendo destes uma característica predominante em suas obras.
Pintura Encáustica vem da palavra “Encausticus” que significa pintura a fogo, misturando cera de abelha e resina damar, técnica remota desenvolvida pelos gregos desde o século V a.C, também utilizada pelos romanos e egípcios.
“De-lírios”, ao que possa parecer, não tem qualquer relação com a alienação. Pelo contrário, aproxima-se da mais profunda forma de expressão meticulosa da artista, pelo contraste das cores fortes, que se misturam de forma suave criando tons de degradê mediante o processo alquímico do derretimento da cera e introdução dos pigmentos com o material ainda quente.
A artista faz alusão a elementos da natureza, tais como o ar, a água, as flores, folhagens e jardins, os quais convidam o espectador a mergulhar em seu fantástico mundo de materialização das inspirações, tons e formas.
Renata Costa, artista plástica, arquiteta e urbanista.