O Brasil, que outrora era conhecido como o país do futebol, está descobrindo uma nova vocação para se tornar referência mundial, dessa vez na arte drag queen. Nomes como Pabllo Vittar e Gloria Grovealavancaram (ainda mais) suas carreiras em 2021, mas aos 45 do segundo tempo – expressão familiar naquele que já foi o país do futebol – um fato novo confirmou que 2021 realmente é o ano da drag brasileira. Próximo da virada do ano a drag queen Grag Queen foi coroada como a grande vencedora da primeira temporada do reality show Queen Of The Universe, nos Estados Unidos.
A atração, que é produzida pela MTV Entertainment Studios e pela World of Wonder, a mesma da franquia de RuPaul’s Drag Race, é o primeiro reality de canto com drag queens no mundo e reuniu 14 participantes de 10 países diferentes. O júri da produção foi formado por Vanessa Williams, Michelle Visage, Trixie Mattel e Leona Lewis e a apresentação ficou à cargo do britânico Graham Norton, de The Graham Norton Show.
Durante a competição, as rainhas foram avaliadas por seus looks, sua make, pela performance, atuação mas, principalmente por uma apresentação de canto. Ao contrário do aclamado RuPaul’s Drag Race, onde o desafio final era a dublagem de uma música pop, no Queen Of The Universe as competidoras deveriam cantar.
As grandes finalistas do programa, ao lado da brasileira Grag Queen, foram as estadunidenses Ada Vox e Aria B Cassadine. Com o tema natalino Jingle Bell Rock, a brasileira chegou a grande final para, em seu último ato, entregar tudo. Roubando os corações dos juízes e de toda a audiência com uma performance extraordinária de Rise Up, de Andra Day, a drag brasileira foi ovacionada e aplaudida de pé.
Após ser anunciada como a nova Rainha do Universo e levar US$ 250 mil para casa, Grag agradeceu sua família e a oportunidade de ter tido contato com as outras competidoras. “Estou tão realizada! Este título é o símbolo da conquista de um grande sonho, tenho certeza de que minha família e meu país estão orgulhosos de mim. Não poderia deixar de mencionar a maravilhosa oportunidade de conhecer as drag queens mais talentosas e inspiradoras de todo o mundo ao longo dessa trajetória, parabéns a todas”, afirmou.
No ano em que as drags brasileiras conquistaram o mundo, e Pabllo Vittar se tornou a drag com mais seguidores nas redes sociais, superando a própria RuPaul, Grag também contribuiu com este legado. Em entrevista recente a Marie Claire, antes da estreia do reality, ela destacou o entusiasmo em ajudar a expandir cada vez mais a arte drag brasileira.
“Quem tem sede de felicidade sabe que a gente não tinha mais felicidade, não tinha mais motivo para ser patriota e vestir a camiseta verde e amarelo e dizer ‘Mana, sou brasileira’. Eu estava a ponto de desistir e chega um bagulho desses. Eu sinto que conseguimos trazer de volta a vontade de gritar pelo Brasil. Eu me senti na Copa do Mundo. Eu era o Neymar e ninguém falava o contrário, entendeu? Eu sou do Brasil e fui buscar o nosso título”, revelou sobre a participação no reality.
Tendo como suas principais inspirações na música, referências que vão desde Lady Gaga, Beyoncé até as divas brasileiras como Liniker, Pabllo Vittar, Gloria Groove e Lia Clark, Grag desenvolveu o talento e a paixão pela música desde a infância na Igreja Evangélica Assembléia de Deus, onde fazia parte do grupo de louvor.
Aos 13 anos já fazia musicais e em 2018 chegou até a fazer uma pequena apresentação em um show de Pepita. Atualmente o seu single mais conhecido, Bota fé, já acumulou mais de 400 mil visualizações no YouTube.