O lançamento do primeiro single solo de Samantha Schmütz – Edifício Brasil, produzido pelo Tropkillaz e programado para entrar em rotação na quarta-feira, 24 de novembro – conecta a artista fluminense ao início da trajetória profissional.
Atriz, cantora e compositora nascida em Niterói (RJ) em janeiro de 1979, Samantha Schmütz ganhou fama nacional como comediante, criadora de personagens engraçados, veiculados em programas de humor como o extinto Zorra total (TV Globo) e Vai que cola (Multishow).
Só que, antes da ascensão profissional iniciada com aparições em algumas temporadas da peça Surto (2003 / 2014), a artista atuou em musicais de teatro que biografaram ícones da MPB como Cartola (1908 – 1980), Elis Regina (1945 – 1982) e Geraldo Pereira (1918 – 1955).
Single erguido com produção musical do duo Tropkillaz, Edifício Brasil é a primeira amostra de EP previsto para ser lançado por Samantha Schmütz em 2022.
No mercado fonográfico, a voz da artista já tinha sido ouvida em músicas gravadas com Nação Zumbi, Paulo Gustavo (1978 – 2021), Sururu na Roda e Xuxa. Contudo, Edifício Brasil começa a delinear uma assinatura para Samantha Schmütz como cantora.
Por mais que o timbre da artista evoque o canto de Roberta Sá no verso inicial “Não, não, não me entendo com o sistema, não”, o single Edifício Brasil expõe a identidade de Samantha Schmütz, artista que vem marcando posição publicamente contra as recorrentes dissonâncias do Brasil nos últimos anos.
Para reforçar a ideologia política e social que defende em redes sociais e na mídia, Samantha recorreu ao poder do verbo de Douglas Raí Santos de Oliveira, o Dow Raiz.
MC paranaense nascido na periferia de Curitiba (PR) e atualmente residente na cidade de São Paulo (SP), Dow Raiz é o autor da letra corrosiva em que Samantha Schmütz vocifera contra a “garganta do poder” sempre pronta a engolir quem desafia o sistema.
“Moro na pátria amada que quer me coagir / Uma coisa é falar, outra é sentir”, rima Raiz em versos ouvido na voz da cantora em Edifício Brasil, em gravação construída com a urbanidade latina do duo Tropkillaz e um toque de reggae.
“A carne mais barata tinha que ser do bando que aqui explorou / Bandidos andam bem vestidos lucrando com a história que ele apagou”, dispara Samantha Schmütz em versos que aludem à letra de A carne (Seu Jorge, Ulisses Cappelletti e Marcelo Yuka, 1998), música do efêmero grupo Farofa Carioca encampada por Elza Soares com toda a propriedade.
Consciente de que o país arde com tanta injustiça social, Samantha Schmütz ergue Edifício Brasil sem negar fogo, para passar na música uma visão política coerente com o que expressa publicamente como cidadã.