Alexandre David vive detetive corrupto em “Rio Connection”

Ator vive chefe da polícia brasileira durante os anos de ditadura. Para o personagem, conhecido como detetive Batista, Alexandre teve como inspiração um chefe de polícia da época, Sergio Fleury

O ator Alexandre David está no ar na série “Rio Connection”, do Globoplay. Ele é um dos destaques da trama, seu personagem se chama Heraldo Batista, conhecido como detetive Batista, chefe da polícia brasileira durante os anos de ditadura, especificamente nos anos 70, quando se passa a nossa história.

– Ele crê que está fazendo um trabalho para o bem do Brasil, de patriotismo, lutando contra o Comunismo e os traficantes de drogas da história. É um homem violento, frio, mata e tortura se for preciso. É um patriota e também o maior obstáculo para os planos dos personagens principais – explica. 

Para o seu personagem o ator leu muito sobre a ditadura e se inspirou em uma figura conhecida da época.

– Li muito sobre a época da ditadura e sobre um chefe de polícia da época, Sergio Fleury. Chamavam de Delegado Fleury, ele atuou como delegado do Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo durante a Ditadura Militar no Brasil. Ele era chamado de “Papa”, pois sempre se vestia de branco e as pessoas iam até ele para pedir favores. O livro “Autópsia do Medo”, de Percival de Souza, foi de grande utilidade por retratar a época e as práticas de interrogatórios utilizadas pela polícia à serviço da ditadura – ressalta.

Em “Rio Connection” todos os atores falam em inglês, ponto que Alexandre também aborda.

– Estou acostumado a atuar em outras línguas. Já trabalhei e morei em Paris, onde fiz teatro na língua francesa. Fiz cinema e estudei em Londres. Falo inglês desde garoto, graças à minha vó que pagava o curso pra mim e achava importante falar uma língua estrangeira. Mas também me preparei para a série, fiz aulas de pronúncia com uma amiga, professora americana que fala português, Lee Weingast – diz o ator sobre a preparação para a produção. 

Alexandre ainda ressalta o trabalho para a série, ele fala da importância do diretor Mauro Lima e do preparador de elenco Thiago Felix.

– Desde a preparação , que durou algumas semanas, até as gravaçoes propriamente ditas, tudo correu muito bem. O elenco, direção e produção estavam muito sintonizados. O Mauro Lima e o Thiago Felix estiveram ao nosso lado em todos os momentos das gravações e isso foi de suma importância, eles nos ajudaram nas preparações, nos aquecimentos e a achar o tom do personagens, tudo isso sempre em inglês – lembra. 

O ator mineiro pode ser visto também na atual temporada de “Impuros” no Star+.

– O mais legal é que na história faço mais um personagem ligado a polícia (rs)! Delegado Álvaro é um velho amigo do personagem Vítor Morello, vivido pelo Rui Ricardo Diaz. Os diretores Tomás Portella e René Sampaio disseram que ele é o total contraponto do Morello, pois o Àlvaro é um policial mais humanizado e apaziguador. Ele ajuda o Vítor a resolver um caso de falso sequestro na história – explica. 

Além dos trabalhos na TV, Alexandre David hoje também está a frente da coordenação artística do teatro Glaucio Gill, Copacabana (RJ).

Sobre Alexandre David

O ator Alexandre David tem 55 anos, 33 deles dedicados a carreira. Nascido em Juiz de Fora, Minas Gerais, ele começou cedo a tecer o amor pelas artes. 

– Meu amor começou aos 15 anos. Ainda criança acompanhava minha mãe, Raquel Silvestre, famosa cantora de Minas, nos seus shows. Eu gostava de vê-la no palco e a reação da platéia. Acho que ali começou o meu gosto por essa relação de artista e público, o ritual de entrar em cena, a concentração, as luzes da ribalta. Depois comecei a fazer tetro com um diretor amigo dela – lembra.

Em 1987 se mudou para o Rio de Janeiro e em 1990 se formou e começou a trabalhar profissionalmente nos palcos. Além disso, Alexandre também estudou atuação na França.

– Minha primeira peça foi em 1985, num grupo amador de Juiz de Fora, depois vim para o Rio em 1987 pra me profisisonalizar. Me formei na Faculdade da Cidade com a Bia Lessa em 1990 e nunca mais parei. Estudei também em Paris, no Conservatoie National Superieur d’Art Dramatique de Paris, e fiz o Bacharelado e Pós-Graduação em direção na Faculdade CAL. 

Nos palcos o artista já fez mais de 40 peças entre elas “L’Ange Noir” (“O Anjo Negro”) de Nelson Rodrigues e “Nur Du” (“Somente Você”), de Pina Bausch, em Paris e “A Casa da Madrinha”, de Lygia Bojunga Nunes, “Pequenos Trabalhos para Velhos Palhaços”, de Matéi Visniec e “O Último Combate do Homem Comum”, de Vianinha, última direção de Aderbal Freire-Filho, no Brasil.

Na TV, além de diversas participações, esteve em obras como Cabocla (remake), Cheias de Charme, Geração Brasil, Verão 90, Sob Pressão, todos pela TV Globo e Globoplay.

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