O ator e cantor fala sobre a experiência de atuar nos palcos ao lado da Orquestra Villa Lobos e de contracenar no cinema com Silvero Pereira e Xamã
Após dar vida ao personagem Carpa nas duas temporadas da série “Pico da Neblina”, disponível no HBO Max, Gui Giannetto está em uma fase da carreira que inclui Teatro Musical e Cinema. Atualmente em turnê em “Disney Magia & Sinfonia”, ele vai do encanto que o musical apresenta ao horror do filme “O Maníaco do Parque”. Durante os últimos meses, o artista, de 34 anos, conciliou os ensaios e as apresentações teatrais com diárias de gravação do longa-metragem.
Nos palcos, Gui interpreta os sucessos da Disney, Pixar, Marvel, Star Wars e National Geographic em um espetáculo que reúne concerto sinfônico, cinema e teatro musical. O ator canta e atua, acompanhado por cenas dos filmes e animações transmitidos em um telão e pela Orquestra Sinfônica Villa Lobos. O espetáculo passou por São Paulo e Rio de Janeiro em setembro e outubro, e seguirá turnê por outros estados brasileiros, chegando a Fortaleza e Natal em março de 2024.
Já nas telas do streaming, o ator dá vida a Paulão, um funcionário da empresa de motoboys do Sr. Nivaldo (Xamã). O personagem de Gui pratica bullying com o colega Francisco (Silvero Pereira), o protagonista de “O Maníaco do Parque”. A produção da Santa Rita Filmes, que recentemente lançou “A Menina Que Matou os Pais”, é baseada na história real do serial killer Francisco de Assis Pereira e promete surpreender o público com sua trama intensa e cheia de suspense. Gui acredita que a experiência prévia em um outro cenário violento, como o de “Pico da Neblina” tenha o auxiliado na composição de seu personagem em “O Maníaco do Parque”. O filme terminou as suas gravações neste mês e será lançado no Amazon Prime, com estreia prevista para 2024.
– O maior desafio de fazer cinema e teatro ao mesmo tempo é conciliar as linguagens e entender a diferença dos públicos, sobretudo nessa minha experiência, dividido entre um musical alegre e um filme do estilo true crime. Pela manhã, tinha a magia da Disney, um mundo infantil e fascinante, com expressões e colocações de voz exacerbadas. Já de tarde, eu ia gravar “O Maníaco”, com palavrões, violência e cenas de combate, sem tanta empostação da voz e atento às câmeras. É como transitar entre o surreal e o natural. É passar por dois extremos no mesmo dia – revela Gui.
No início da carreira no Teatro musical, o artista também teve que conciliar atuações trabalhosas e com abordagens distintas. Em 2016, enquanto ainda trabalhava como diretor de arte em agência de publicidade, Giannetto esteve em dois musicais ao mesmo tempo. Esse caminho o preparou para o que vinha a seguir na carreira e fomentou o sucesso no trabalho atual.
– Em “Magia & Sinfonia” tenho dois solos e é algo que me orgulho muito. Vim de uma trajetória muito boa com o musical da Broadway “Bonnie & Clyde” e quando fui aprovado na audição de “Disney Magia & Sinfonia” foi um momento de muita felicidade e realização – ressalta.
Para sair do universo da magia e entrar no clima sórdido de Paulão, o ator contou com práticas e exercícios corporais e mentais: “Eu, Silvero e Xamã passamos dois dias juntos com a preparação de elenco, fazendo exercícios para acessar o universo hostil do filme e dar vida a alguns atos que não concordamos na vida real”.
Para além da divisão entre temáticas totalmente opostas, Giannetto também teve que estar atento a dois formatos de atuação distintos: “Pensando como ator com bagagem no teatro, o audiovisual é uma outra dimensão de interpretação, fisicalidade e esforço. Estar microfonado e ter uma câmera a alguns palmos de você pede um ajuste na forma de se expressar. Se você está em uma peça num teatro grande, você precisa falar mais alto e ser mais expressivo. Já, no cinema, é, muitas vezes, o contrário: a câmera capta tudo mais detalhado. Então, eu acho que é um desafio muito divertido fazer os dois ao mesmo tempo.”