O grande sucesso da novela das sete “Vai na Fé”, da Rede Globo, trouxe novos nomes para a teledramaturgia brasileira, como a atriz Tati Villela. Natural de Niterói e com trabalhos premiados no teatro, cinema e também na música, Tati fez sua estreia na televisão como Naira e conquistou a simpatia do público. Com a repercussão positiva do trabalho, Tati comemora, além de falar sobre os projetos futuros.
Com um elenco majoritariamente preto, “Vai na Fé” se consolidou como um marco significativo na teledramaturgia nacional, como Tati destaca: “É importante alimentar o povo com narrativas onde eles possam se sentir representados. Minha personagem, a Naira, é mais uma do proletariado que trabalha todos os dias, que mantém o sorriso no rosto e que não se deixa ser submissa, pelo contrário, ela mostra seu valor mesmo sendo uma profissional que não é bem remunerada. Ela reflete muito a vida de milhares de mulheres brasileiras”, pontua.
Para dar vida à Naira, Villela revela o toque pessoal que adicionou ao papel: “Minha alegria e algumas doses de deboche, achei que combinava com ela e acho que deu certo”. Entre os destaques de sua participação, está a honra de contracenar com um elenco enturmado e, principalmente, dividir cena com Renata Sorrah. “Com certeza estar contracenando com a Renata foi um dos maiores ensinamentos que a vida pode me trazer. Ela é completa e ao mesmo tempo humana. Eu me espelho muito nela”, frisa.
Com o sucesso da novela, Tati notou um aumento no reconhecimento público. Ela é frequentemente abordada por fãs que se identificam com sua personagem Naira, vendo-a, muitas vezes, como um reflexo autêntico de si mesmas. Tati reflete: “Quando meninas pretas me veem de Naira, elas acham que eu sou um desenho, que acabou de sair da TV. E eu transito pelo Centro do Rio, então essas pessoas estão ali e elas não acreditam que eu também estou ali”, comenta.
Em relação ao futuro, Villela já tem projetos definidos. Retornará aos palcos com “Amor e Outras Revoluções”, ao lado da atriz Mariana Nunes. Juntas, protagonizam esta peça em que o amor entre duas mulheres pretas ocupam o centro da cena. “É meu primeiro espetáculo longo que tem uma reverberação e eu to mega feliz por levá-lo a outras cidades e assim multiplicar o meu modo de pensar, atuar e escrever”, ressalta. E no cinema, integra o elenco do filme “De Pai para Filho”, que também conta com Juan Paiva e Marco Ricca. Com direção do Paulo Halm, o longa-metragem estreia ainda neste segundo semestre.
Para além da televisão, teatro e cinema, a multifacetada Tati Villela também está na música. Ela é membro da banda performática “Dembaia”, uma banda performática que traz a sonoridade da África do Oeste com elementos do blues, jazz, funk, samba, ritmos brasileiros e afrolatinos. Atualmente, estão em produção do primeiro EP intitulado “Yelè Sirà”, que significa “Abre Caminhos” na língua bambara. Nesse EP, ela possui 2 composições de autoria própria. “Quando o Dembaia se apresenta na cidade é visto como um show afro poético porque, além de música, ele também traz sensações e aromas transportando o público para lugares inimagináveis”, ela destaca e ainda completa: ”Eu gosto de ser múltipla, exercer várias linguagens que me permitem expressar de melhor forma nessa vida e na sociedade”, ressalta.
Tati é uma artista negra contemporânea que tem o objetivo de desconstruir e ressignificar estruturas impostas pela sociedade sem esquecer do afeto. Através e imbuída da sua arte, ela atravessa e perpassa lugares sem abandonar a sua essência e sabendo também que inspira e é referências para muitas outras pessoas, sobretudo mulheres negras.