E a cirurgiã plástica Dra. Thamy Motoki explica como pode ser feita a reconstituição das mamas, para a plena recuperação da autoestima das mulheres
Daqui a alguns dias chegaremos ao 10º mês do ano, sempre marcado pela importante campanha do Outubro Rosa, que visa conscientizar e alertar as mulheres – e a sociedade em geral – sobre a extrema importância da prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama.
A campanha teve origem nos Estados Unidos, nos anos 90. Já aqui no Brasil o Outubro Rosa começou a ser divulgado em 2002, mas só ganhou força, mesmo, a partir de 2008.
Durante todo o mês eventos são divulgados para ressaltar a importância da realização da mamografia, ultrassom de mamas e o autoexame. Tudo pra prevenir, ou descobrir de forma precoce, o câncer na região e, assim, ter mais chances de tratamento e cura.
Os números sobre a doença são alarmantes. De acordo com o INCA (Instituto Nacional de Câncer) o câncer de mama ainda é o que mais mata mulheres no Brasil todos os anos. Segundo estimativas do órgão, de 2020 até este ano a previsão é 66.280 novos casos da doença. Por isso é muito importante consultar regularmente o médico, passar pelos exames e, principalmente, que a mulher entenda a necessidade de tocar e examinar sempre as mamas. E em caso de qualquer alteração buscar atendimento imediato. Ressaltando novamente: quanto mais cedo o diagnóstico mais chances de cura!
Exemplo de força
É claro que encarar essa doença tão temida e, infelizmente, ainda tão estigmatizada não é simples. Mas muitas mulheres que passam por isso falam sobre a enorme coragem que surge nesses momentos.
Um dos maiores exemplos é o da atriz, modelo e empresária Fernanda Motta. Em 2019, com 38 anos, ela descobriu um nódulo na mama, justamente durante um autoexame. Após análises, veio o diagnóstico: câncer de mama! Mas em fase precoce e com cerca de 95 por cento de chances de cura.
Valente, Fernanda encarou o problema de frente, fez o tratamento e 11 meses depois veio a tão esperada notícia de que estava curada. Os exames de rotina e controle seguem sendo feitos religiosamente a cada seis meses. E hoje a atriz é um exemplo e faz questão de ajudar as mulheres na conscientização e superação.
“Passar por um tratamento – ou ter um diagnóstico – associado a algo tão pesado na nossa visão (sociedade), tem sim o poder de moldar a forma como vemos a vida e a nós mesmos. O tratamento me deixou abatida de várias formas, obviamente, não é um processo leve, mas não me derrubou. Não me deixei cair, muito pela minha fé, minha filha, as pessoas mais próximas e por mim. Na época optei por continuar trabalhando e tendo uma rotina além do tratamento. Isso me fez ficar cara a cara com minha força e fé. Acho que hoje me vejo como uma mulher mais forte”, explica Fernanda.
Depois de travar, e vencer, essa batalha pela vida e pela saúde, Fernanda passou a compartilhar em suas redes sociais, as experiências vividas. Diariamente ela recebe inúmeros depoimentos de outras mulheres que passaram, ou estão passando, por quadro semelhante. Entre as mensagens mais recebidas estão as inseguranças de cada uma em relação à mastectomia (retirada cirúrgica de toda mama) e a queda de cabelos devido ao tratamento.
“Fiz várias sessões de quimioterapia e, depois, a mastectomia. Houve momentos delicados em todo o processo, mas nunca deixei que a doença me tomasse completamente. Foi o mesmo com a minha autoestima. A cirurgia abala, claro, e se você deixar se torna um fluxo muito delicado de pensamentos e baixa autoestima. Procurei, através de outros recursos, me ver linda, com acessórios que amo e um poderoso batom vermelho. Tentei seguir sendo a mulher que já era, com minhas vaidades e desejos”, pontua a atriz.
Correção das mamas
A mulher que precisa se submeter a uma mastectomia para retirada da mama, ou parte dela, passa por momentos de muita aflição e insegurança. A paciente, já fragilizada com todo tratamento, sente-se mutilada e com a autoestima destruída.
Mas hoje em dia existem métodos modernos de cirurgias plásticas que reconstituem a mama e devolvem o amor próprio às mulheres que tiveram o câncer. Fernanda Motta passou por um procedimento desses e hoje se sente muito bem e feliz com os novos seios. E essa intervenção pode ser realizada já no mesmo momento da mastectomia, evitando traumas maiores para a paciente.
“A partir deste procedimento (mastectomia) existem opções de reconstruções que podem ser feitas no mesmo dia da retirada do câncer, ou após a cicatrização da primeira cirurgia”, explica a cirurgiã plástica Thamy Motoki, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
De acordo com a médica, na maioria dos casos de setorectomia (quando apenas uma parte da mama é retirada), a reconstrução é realizada com o próprio tecido mamário. “Em pacientes que realizaram a retirada somente da glândula (com preservação da pele), podemos optar pelo uso de próteses de silicone”, detalha a Dra. Thamy.
Já em intervenções mais extensas, segundo a cirurgiã, é possível reconstruir a mama com os chamados retalhos locais. “Em algumas pacientes existe a necessidade de colocar um expansor de tecido. Este dispositivo permite o estiramento progressivo da pele remanescente da mama, para a posterior confecção de retalhos e colocação da prótese”, pontua a médica.
A dra. Thamy ressalta, ainda, que também há a possibilidade de optar por retalhos de tecidos de outras regiões do corpo, como o dorso e abdome. “E há ainda a possibilidade de operar também a mama sadia (sem câncer), para deixar as duas bem proporcionais, através de um procedimento chamado simetrização”, explica a especialista.
Portanto, o que é preciso ter sempre em mente é, em primeiro lugar, a importância da conscientização do diagnóstico precoce. Em caso de um resultado positivo para o câncer de mama, essa mulher precisa se cercar de uma rede de apoio, carinho e, principalmente encarar tudo com coragem e força. Acreditando na cura e na retomada da vida, com saúde e a autoestima recuperada através dos inúmeros e modernos procedimentos oferecidos pela medicina.