A comédia, escrita por um dos mais importantes autores de teatro do Brasil, já teve adaptações para TV e resgata o período de mobilidade social e industrialização, resultados da grande crise econômica de 1929
No ano em que se comemora o aniversário de 100 anos do nascimento de Jorge Andrade, a comédia “Os Ossos do Barão”, uma de suas mais famosas peças, estará em curta temporada no Espaço Cultural Encena. Com entrada gratuita, as exibições acontecem até 05/11, sempre aos sábados, às 20h30. Durante o espetáculo, artistas discutem os reflexos da crise financeira de 1929 na sociedade paulistana, retratando o desejo pela ascensão social.
A comédia conta a história do pobre Egisto Ghirotto, imigrante italiano e ex-empregado da fazenda do Barão de Jaraguá, que acabou fazendo fortuna com a Revolução Industrial em São Paulo e tornou-se proprietário de tudo que pertenceu no passado ao Barão (inclusive os ossos e sua cripta mortuária). Apesar de rico e dono de tantos bens, Egisto não fica satisfeito, pois não possui qualquer título de nobreza. Seu sonho é concretizar o casamento de seu filho Martino com Isabel, bisneta do Barão de Jaraguá. Em busca desse sonho, Egisto põe em prática um engenhoso plano visando atrair a família de Isabel a uma armadilha que envolve os ossos do falecido barão. De maneira bem humorada, é retratado o contexto das grandes mudanças na ordem social e econômica do país daquela época, como o processo de industrialização, declínio do poder financeiro de muitos fazendeiros e barões de café e a ascensão social dos imigrantes, a exemplo do protagonista da peça.
No elenco, estão os atores da Encena Companhia de Teatro (grupo que completa, neste ano, 24 anos de existência): Orias Elias e Walter Lins, dois dos fundadores da Cia; Sylvia Malena; Flávia D´Alima; Daniella Murias; Zulhie Vieira; Sabina di Collucci; Giggio Mariani; Adelmo Fernandes; e Adriana Paris.
O cenário recria uma casa típica dos anos 1960, com móveis, molduras, porta-retratos, construídos especialmente para a peça. O figurino, assinado por Walter Lins, é inspirado em personalidades da década de 60, como Maria Tereza Goulart e Elizabeth Taylor. Para os homens do elenco, pesquisou-se o estilo de modelos masculinos da época em revistas, como Manchete, Cruzeiro e coleção Nosso Século. A trilha sonora, composta especialmente para o espetáculo, está a cargo do músico Gustavo Barcamor e a iluminação é uma criação de Gabriel Greghi.
“Os Ossos do Barão” teve montagens antológicas para o teatro e para a TV. Em 1963, recebeu encenação dirigida por Maurice Vaneau com Otelo Zeloni, Rubens de Falco, Cleyde Yáconis e Aracy Balabanian no elenco. A trama inspirou também uma telenovela, em 1973, da TV Globo, escrita pelo próprio autor da peça e dirigida por Régis Cardoso, com Paulo Gracindo, Lélia Abramo, Lima Duarte, José Wilker e Dina Sfat. E em 1997, foi novamente referência para uma adaptação de várias peças do autor ao SBT – essa versão trouxe, no elenco, atores como Leonardo Villar, Juca de Oliveira, Cleyde Yáconis e Rubens de Falco. Em 2005, foi adaptado para o programa “Senta Que Lá Vem Comédia”, da TV Cultura.
Para mais informações acesse: https://www.encena.art.br/
SERVIÇO
Cia. de Teatro Encena apresenta “Os Ossos do Barão”
Até 05/11, sempre aos sábados, às 20h30
Entrada gratuita com contribuição espontânea
Endereço: Rua Sargento Estanislau Custódio, 130, Jd. Jussara | Vila Sônia, Butantã SOBRE A CIA DE TEATRO ENCENA
A Companhia de Teatro ENCENA, sediada no Butantã, foi fundada em 1997. Desde sua fundação, desenvolve um trabalho que visa analisar o Homem dentro dos contextos social e político das diferentes fases da história e estudar o efeito da passagem do tempo sobre a vida das pessoas. A ENCENA já produziu O Interrogatório, de Peter Weiss (1998); Antibióticos, de Gilberto Amendola (1998); Nossa Cidade, de Thornton Wilder (1999); FiquepauerPopcornShow, de Marco Moreira e Walter Lins (2000); O Grande Amor de Nossas Vidas, de Consuelo de Castro (2001); Espeto de Coração, de Gilberto Amendola (2002); O Mercador de Veneza, de William Shakespeare (2003, remontada em 2005); Sex Shop Café, de Gilberto Amendola (2004); Leonor de Mendonça, de Gonçalves Dias (2006); Nos 80… , de Gilberto Amendola (2008); Os Ossos do Barão, de Jorge Andrade (2010); A Peça é Comédia, de Gilberto Amendola (2010); Darwin e o Canto dos Canários Cegos, de Murilo Dias (2011); Pirou Jussara – Pendurar a Vovó no Banheiro!, de Gilberto Amendola (2012); Toca Tomzé, de Jucelino Filho (2013); Sexo, Sacerdócio e Sangue, de Roberto Francisco (2014); A Escada, de Jorge Andrade (2016); Os Três Médicos, de Martins Pena (2017); O Diletante, de Martins Pena (2018); O Usurário, de Martins Pena (2018) e Jussara City, o Paraíso das Enchentes (2011)
Em 2007, na sede da Cia, foi criado um espaço cultural com plateia de 60 lugares. Especialmente para o espaço, foram criadas as peças infantis Julia Quer Ser Fada (2007), A Liga Subaquática e O Monstro da Poluição (2008) e Rapunzel (2013). Além de apresentação de espetáculos, o espaço é também usado para oficinas destinadas à comunidade do entorno.