“Fiquei muito feliz ao saber que meu curta tinha sido selecionado pro Festival Internacional O Cubo de Cinema. Faz parte do meu desejo, como artista, me comunicar com maior número de pessoas nas diversas linguagens.”, declara Gabriel Borges, ator que monta a drag queen Gabriela Pimentel.
De 09 a 12 de dezembro, vai acontecer o VIII Festival Internacional O Cubo de Cinema em Língua Portuguesa, com curadoria do cineasta Fabiano Cafure. O júri oficial conta com a produtora Eridan Leão, com o presidente da ACACV de Cabo Verde Júlio Silvão Tavares e com a fotógrafa e videomaker Márcia Moreira. Os homenageados de 2021 serão Elisa Lucinda e Luiz Carlos Lacerda. O festival será gratuito e online no canal O Cubo.
Dentre as produções selecionadas, está o curta metragem autobiográfico Desmonte com Gabi (2021), estrelado por Gabriel Borges e sua drag queen Gabriela Pimentel. O filme traz a fluência entre a montação e a desmontação da arte drag queen a partir de um recorte íntimo, que se divide entre os dilemas da vida ordinária e a extraordinária expressão transformista. O close e os bastidores contam sobre Gabriela e Gabriel como força da natureza que sobrevive nesta sociedade hostil, (des)construindo seu lugar no mundo, além da obrigatoriedade limitante dobinário.
“Essa pandemia colocou a vida de todo mundo de cabeça pra baixo. Revirou, bagunçou. Colocou uma lupa nas desigualdades, foi o caos. Eu nem imaginava que ia fazer um filme.”, diz o ator e roteirista, natural de Brasília, que residiu por quase sete anos no Rio de Janeiro, mas está desde o final de 2019 em sua cidade natal. Diante do cenário de incertezas e os palcos de teatro fechados, Gabriel Borges lançou o canal Balbúrdia do Borges em seu instagram e mergulhou no autoconhecimento. Em 2021, fez a oficina Impacto das Montadas, ministrada pela drag Mackaylla Maria, criando um número performático para apresentar no cabaré do coletivo transformista. A produção da performance foi tão intensa que gerou material audiovisual suficiente para a criação do curta metragem.
Pra quem está acostumado a ver o Gabriel fazendo humor nos vídeos da internet, pode esperar também boas risadas no filme, porém, é preciso preparar a emoção, já que há uma mistura sensível e forte entre drama e comédia em cena. “Me senti muito livre gravando o filme, o receio de me expor em vulnerabilidade sumiu. Representatividade e o ativismo LGBTQIA+ são muito importantes pra construção do meu orgulho. É o que eu gostaria de comunicar no momento e acredito que a sensibilização pela arte, especialmente em tempos difíceis, é a melhor linguagem de troca.”, afirma ele. A ficha técnica é pequena, mas afetiva e eficiente no trabalho. Ele contou com sua mãe e maior incentivadora, Vera Adelaide, na produção, câmera e em participação especial; com seu amigo, o cineasta e humorista Luca Picorelli na supervisão audiovisual; com a perucaria e participação da maior especialista em apliques de Brasília, Maria Fases; e com a orientação e colaboração de Vinícius Santana, que monta a performer drag e apresentadora Mackaylla Maria.