Depois de anunciar que não se apresentará no Prêmio Multishow 2021 por não se sentir bem-vinda na cerimônia, Ludmilla avisou que ajudará a premiação a ser mais inclusiva a partir do próximo ano. Nesta terça-feira (19), a cantora disse que foi procurada pela organização do evento, mas que manterá a sua palavra e não participará do tradicional show exibido no canal por assinatura.
“Após meu posicionamento, o Multishow me ligou, nós conversamos e eles me propuseram contribuir para as mudanças na premiação a partir do ano que vem. Vamos conversar para, juntos, colocarmos em prática mudanças gerais que envolvam não só o coletivo, [mas também] o compromisso de estar sempre em atualização para atender a novos requisitos do mercado fonográfico”, escreveu Ludmilla no Twitter.
A artista adiantou que pretende contribuir para o avanço do mercado da música em temas identitários: “Já fui muito desmerecida e ignorada, principalmente por ter vindo de onde vim e por ser quem eu sou, então quero contribuir para que o mercado da música seja mais justo e inclusivo”.
“[Que] o trabalho duro seja reconhecido e que os artistas que me sucederão não passem pelas dificuldades que já passei. E não, não performo esse ano no Prêmio Multishow”, concluiu a artista.
Na manhã desta terça-feira, Ludmilla reclamou por não ter sido indicada na categoria Cantora do Ano nas últimas duas edições da premiação. “Mesmo eu sendo indicada em outras categorias da premiação, é nítida a falta de reconhecimento e entendimento das (poucas) premiações que temos aqui no Brasil”, lamentou a funkeira.
A cantora venceu a categoria em 2019, mas foi vaiada pela plateia ao receber o prêmio de Música Chiclete por Onda Diferente, motivo principal de sua briga com Anitta –os fãs da poderosa se organizaram para hostilizarem Ludmilla e proferiram, inclusive, ataques racistas na ocasião.
Naquele ano, Ludmilla assumiu o relacionamento com Brunna Gonçalves. Desde então, a intérprete do hit Deixa de Onda vem sendo ignorada na principal categoria do evento: “Uma representante das minorias, cantora negra, bissexual, funkeira, periférica. Nunca mais fui indicada na categoria Cantora do Ano. Infelizmente, essa é a forma que o sistema te boicota”.
Confira os tuítes:
Em nota á imprensa desde a manhã, o Multishow emitiu um comunicado sobre o caso na noite desta terça-feira. O canal informou que entendeu o posicionamento da artista e que seguirá trabalhando para evoluir nesta temática. Confira a íntegra do comunicado:
“Tivemos um papo há pouco com a Lud, numa escuta ativa, e entendemos seu posicionamento. Sabemos que o mundo de hoje ainda está longe da representatividade ideal e continuaremos trabalhando no que for necessário para evoluir. Em 2019, criamos a Academia Prêmio Multishow, um grupo de cerca de 500 especialistas ligados à música –críticos, jornalistas, empresários, gravadoras, radialistas, contratantes e representantes de todos os gêneros e regiões do país– para eleger os indicados ao Prêmio Multishow (que depois têm seus vencedores escolhidos pelo público).
Mas temos consciência de que a luta pela diversidade deve ser diária e entendemos que precisamos estar ainda mais comprometidos com a causa. Assim, em conjunto, nos propusemos a criar um Coletivo ainda mais diverso, para somar ao trabalho que temos feito, contribuindo com as próximas edições do Prêmio Multishow.
O Multishow acompanha a Lud desde o início de sua carreira. Temos uma longa e sólida parceria que nos permite sempre trocar ideias para evoluir juntos.
Durante os últimos anos, tivemos o orgulho de ter a presença da Ludmilla em muitas edições do Prêmio Multishow, tanto com performances inesquecíveis como também em 12 indicações, sendo merecidamente premiada como Cantora do Ano e Música Chiclete em 2019 e Música do Ano em 2020. Lud também concorre esse ano com duas indicações – Hit do Ano e Clipe TVZ do Ano.
Ela sempre esteve e continuará presente em muitos dos nossos programas musicais, como TVZ e Música Boa Ao Vivo, além de transmissões ao vivo de grandes shows e festivais. Pois é, sem dúvida, uma das maiores cantoras da América Latina e temos uma admiração enorme pela artista que se tornou.”