“Sou completa sozinha. Meu copo já está cheio. Só que, com o amor, ele transborda”, ilustra a cantora e compositora Majur sobre a relação apaixonada que cultiva com o bailarino contemporâneo Josué Amazonas, seu primeiro namorado e, agora, noivo. O anúncio aconteceu em 28 de junho, Dia do Orgulho LGBTQIA+, via redes sociais e a artista não esconde a felicidade ao falar dessa etapa. “Passamos numa joalheria por acaso, vimos um par de anéis e eu decidi provar um deles”, conta, agitada e apontando para a aliança na mão direita, no backstage do ensaio de capa desta Vogue Noiva.
“A vendedora me perguntou: ‘O outro é para ele?’. Antes que eu dissesse algo, ele já tinha colocado no dedo. Nos olhamos intensamente e eu falei: ‘É isso, né?’ Ele concordou na hora. Foi um momento mágico”, relembra. “Confesso que nos sentíamos noivos desde que começamos a morar juntos, em março, mas esse dia foi simbólico. Queremos dar esperança a quem não imagina ser possível uma união assim. Todo mundo tem o direito de amar”, defende.
O casamento civil está previsto para acontecer em 2022, em uma casa de axé de Salvador. A festa, para cerca de 300 convidados, será em setembro do próximo ano e Majur já tem grande parte do evento definido. “Será na praia e farei um show, com certeza. Vamos nos casar de branco por conta da nossa religião, que é o candomblé, mas nada será heteronormativo ou binário, e teremos várias madrinhas. Amor não tem gênero, e minha festa também não terá”, adianta ela, que se define como não binária.
A entrada de Majur será bem emblemática: ela chegará do mar e quer ser carregada até a areia. “Sou filha de Xangô e de Iemanjá, então tenho uma conexão muito grande com o mar”, revela ela. Quando questionada se existe alguma regra do casamento que pretende quebrar, a artista de 25 anos é enfática: “Não acho legal ter buquê. O casamento é uma sorte que pertence a todas as pessoas. Se eu jogar algo, serão pétalas para que todo mundo pegue um pouco”, conta.
Para Majur, ser a primeira celebridade trans a estrelar a capa da Vogue Noiva é uma conquista coletiva em termos de representatividade e inclusão para mulheres pretas e trans. Afinal, falar de afeto também é militância. “Não estou falando sobre dores ou cicatrizes, estou falando sobre a minha existência e sobre ser amada. A notícia é essa. Isso é futuro e revolução”, sorri.