Psicofobia: preconceito pode levar pessoas com transtornos mentais a não buscarem tratamento

Psicólogo explica o que é preciso para destruir esse tipo de discriminação

Em média, 700 milhões de pessoas sofrem com algum tipo de transtorno psicológico, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Assim, as questões emocionais têm ganhado espaço na sociedade, mas o estigma e o preconceito ainda persistem. 

O preconceito diretamente voltado a pessoas com doenças mentais, recebeu o nome de psicofobia. Normalmente as pessoas buscam ajuda médica para uma doença física, mas isso muda quando se trata de um distúrbio psicológico. “Um quadro de depressão, por exemplo, pode ser encarado como má vontade, fraqueza ou preguiça, quando na verdade é uma doença grave, que deve ser tratada”, explica o psicólogo Damião Silva.

Os impactos da psicofobia são vistos principalmente quando o paciente se recusa a buscar ajuda. E isso é um problema de saúde pública. “As pessoas têm vergonha de dizer que farão tratamento porque sabem ou acham que as outras pessoas não compreenderão o que estão passando”, complementa o especialista. 

A boa notícia é que o Ministério da Saúde e a Comissão de Direitos Humanos passou a considerar crime pela PLS 74/2012. A Psicofobia pode levar de 2 a 4 anos de cadeia, se for negligenciado um tratamento adequado para a pessoa transtornada, ou se um indivíduo causar sofrimento a um transtornado. Além disso, se um chefe ou diretor, por exemplo, negar acessos “normais” a estudos, trabalho, instituições etc. a um indivíduo com transtorno mental, a pena é de 3 a 6 anos.

Segundo o especialista, são considerados tipos de agressões frases como: “Para com isso, que frescura, você é hipocondríaca (o), vê doença em tudo!” / “Isto é uma fase, a tristeza vai embora e passa, não fica assim” / “Vai trabalhar você está fazendo corpo mole!”

Vale ressaltar que para que as pessoas consigam ter uma adesão melhor aos tratamentos psiquiátricos, é importante que elas passem a sentir seus benefícios reais, pela supervisão familiar, a boa relação com o profissional médico e com os demais agentes das equipes clínicas.

“Reconhecer e aceitar a doença pode ser o grande diferencial, já que o tratamento passa a ser visto como necessário para a melhoria da qualidade de vida”, afirma Damião Silva.

Ainda segundo ele, o que precisa para acabar com essa discriminação é um processo educacional da população. “Precisamos dizer que de fato as doenças psicológicas são reais e concretas. Apesar das pessoas não as ver, elas causam dores impactantes que destroem a vida de quem está doente. Não dá para comparar com uma dor visível, como quando se quebra um braço por exemplo. Quanto mais se falar dessas questões de saúde mental, mais deixamos claro que é um assunto normal. Sem saúde mental não há saúde, ela é a base de tudo”, concluiu o especialista.

Créditos: Ana Carolina Freitas – Carol Freitas Assessoria

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