Ivete Sangalo faz discurso sobre racismo e homofobia ao receber prêmio

A cantora Ivete Sangalo fez um intenso discurso durante o programa ‘Domingão do Faustão’ de ontem (27), na TV Globo, onde ela recebeu o Troféu Mário Lago, devido sua contribuição artística e conexão com o público brasileiro. Em seu discurso, a cantora aproveitou para falar sobre racismo, homofobia e desigualdade.

“Somos conhecidos pela nossa alegria e simpatia, e agradeço por isso, mas também há de ter um reconhecimento das nossas falhas como sociedade. O nosso país é o que mais mata homossexuais no mundo. O Brasil é um país racista, homofóbico, de feminicídio e de ataques às minorias que na verdade não são minoria”, afirmou a cantora.

“Esse perfil doente, equivocado, é pautado na ideia da desigualdade, sabendo que somos todos iguais em direitos. Cabe a nós nos olharmos para que a gente continue vibrando essa alegria que estamos aqui, para que tenha notícia boa, mas consciente de que os indivíduos têm que ser respeitados de forma igual. É isso o que a gente quer.”

“Agradeço muito pelo fato de ser uma pessoa famosa, mas sou mãe. O meu filho pode correr na rua sem camisa. Para mim, seria terrível não deixar meu filho andar na rua porque poderia ser alvejado por uma bala… Ou um filho meu ser homossexual e não poder ser feliz. Me perguntam muitas vezes o que eu vou ensinar para minhas filhas sobre esse mundo machista. Não ensino às minhas filhas, ensino ao meu filho que ele tem que entender o seu próprio poder, mas que também precisa respeitar o poder de existência do outro, de quem quer que seja.”

“Eu não imaginava um dia estar aqui, mas fico muito emocionada porque a nossa história se confunde, né, Fausto? Eu conheci meu ídolo da televisão, uma pessoa a quem quero o bem, e você me mostrou que estava aqui com um propósito, o de fazer a diferença na vida das pessoas. Eu fui uma dessas pessoas”.

“Tive a sorte de contar com o olhar bondoso das pessoas, especialmente nos momentos de crítica. Jamais quis me desconectar da pessoa que eu, de fato, sou, nem das minhas origens nem do que está por vir. Só vale a pena viver se a gente se entregar a esse gosto, a essa dúvida que é estar aqui. Embora pareça um discurso, de fato, é importante a presença do fã. São dois lados, é uma relação de necessidade mútua de forças um do outro. E cada um tem seu melhor para dar”, agradeceu.

Créditos/Foto: Guilherme Mello/Reprodução/Internet

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