Série Lunae Manifestum: bruxaria, crítica social e fogo nos intolerantes

Apertem os cintos, pois a noite será turbulenta, repleta de bruxaria e com uma guerra sangrenta contra um regime totalitário religioso, em um futuro nem um pouco distante.

Bruno Gauvain, aos quinze anos, previu. Mas não ousem subestimá-lo por ser um autor estreante, nacional e independente, pois ele traz uma grande diversidade de personagens e sabe exatamente o que está fazendo. Em um jogo de 250 páginas e dividido em 3 atos, o autor conduz a narrativa através da ótica de ninguém menos que Lilith. Para muitos, um demônio. Para o autor, a epítome da perseverança, a Deusa da Noite e protetora dos LGBT, mulheres e excomungados. Ele disseca, com maestria, o mal do século: a visão deturpada da religião. E, claro, usa e abusa de elementos sobrenaturais, passando pela aventura e com umas leves pitadas de terror, horror e distopia. O prato perfeito para quem ama os gêneros, busca por livros representativos e é engajado com política, sociedade e militância.

A série se passa em Alaenia, a extinta América após desastres naturais. É governada por um regime chamado Governo da Mão Direita, quem controla a vida de todos. Há uma cartilha de mandamentos para seguir fielmente, e aquele que não o fizer estará fadado à punição. Esqueça a cruz ou até mesmo a igreja, pois Bruno Gauvain criou uma nova religião. Não existe cruz, também. O jovem autor criou um triângulo como símbolo da supremacia religiosa. Mas o que esperar de um criativo que descreve o dia como púrpura e a noite azul? Absolutamente tudo. A cereja do bolo está nas reviravoltas de tirar o fôlego e personagens tão críveis, cheios de camadas e obstinados. A atmosfera do universo é indiscutivelmente bela e sombria. A primeira regra de Lunae Manifestum é muito clara: não é recomendado para menores de 18 anos.

Esqueça, também, tudo que você acha que sabe sobre bruxas, porque o autor desintegra cada estereótipo e cria uma belíssima mitologia. A série não foca em poderes mirabolantes e ultrapassados de contos de fadas, muito menos na visão demoníaca da bruxaria. “Confesso que não esperava tanta recepção positiva. Infelizmente, o preconceito com autor nacional é uma realidade que nos assola. Não importa o que façamos e escrevamos, os livros estrangeiros sempre serão prioridade. Mas estou aqui para lutar pelo meu espaço e mostrar o valor da minha obra. Eu planejei tudo nos mínimos detalhes e bato no peito, pois enquanto muitas editoras dão brindes comuns, eu dou quatro cartas holográficas com ilustrações exclusivas. Enquanto muitos best-sellers trazem personagens mais do mesmo, eu trago personagens trans e muita diversidade. Não é arrogância e prepotência, mas a voz de um autor LGBT que está exausto da escassez de narrativas para minorias e a vista grosa do mercado editorial”, diz o autor.

Lunae Manifestum é mais que o primeiro volume de uma série de livros, é o nascimento de uma promessa da literatura fantástica nacional. O livro pode ser adquirido através da página Lunae Manifestum ou @brunogauvain. O segundo volume já tem previsão e entregamos em primeira mão: segundo semestre de 2021. “Se ser bruxa é lutar contra a intolerância, que andamos na fogueira”, palavras de Lilith.

Créditos da capa do livro:
Design de capa: Sthefany Hygino
Ilustração de contracapa: Thiago Ferraccioli

Crédito das cartas de tarot:
Natália Haian

Crédito do pôster:
Ilustração Pedro Monteiro Abreu
Design de Laura Suarez

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