Lou Schmidt divulga “Turn Me Off” com estética glitch, lofi e anos 80

Terceiro disco do artista é uma coleção de três músicas e três videoclipes completamente independentes e baseados no famoso “faça você mesmo”

Depois de 14 meses pulando do software de edição de vídeo para o de áudio, criando texturas visuais e sonoras extremamente processadas e que se influenciaram de maneira simultânea, Lou Schmidt lança “Turn Me Off”. Essa é uma coleção de três músicas e três videoclipes, disponíveis em todas as plataformas digitais, que seguem um caminho independente, produzidas na filosofia “faça você mesmo”.

O artista é o responsável por compor as músicas, arranjar, fazer as letras, tocar todos os instrumentos, samplear alguns outros, cantar, gravar, mixar, filmar cada uma das cenas, tratar, manipular, distorcer e editar todos os clipes. Um trabalho homérico, mas também transformador.

Créditos: KVPA-scaled

Embalado por uma estética glitch, lofi e bem anos 80, o projeto traz tom industrial, misturando rock, música eletrônica e também alguns elementos acústicos e vocais pop. “Gosto de pensar que moro numa realidade distópica, quase cyberpunk. Acho que a minha arte é bem inquieta e barulhenta, mas milimetricamente planejada e controlada”, ressalta.

Nas letras, quase autobiográficas, uma reflexão sobre rotina, caos, ansiedade, obsessão por propósito, necessidade de se desligar e de criar bolhas para conseguir fugir da cidade que, muitas e muitas vezes, sufoca e oprime.

Toda essa narrativa é construída com imagens filmadas nos países e cidades que Lou Schmidt visitou entre 2017 e 2019, incluindo Nova Iorque, Cannes, Londres,  Amsterdam, Berlin, São Paulo e Porto Alegre.

Sucessor de “Decompression” (2016) e “Universo Em Fade” (2011),  “Turn Me Off” é para ouvir e assistir entendendo, do começo ao fim, a complexidade e a profundidade de cada camada textural, distorcida e ruidosa.


Ouça aqui: https://youtu.be/dVFEiaFE2Hk

FAIXA A FAIXA ASSINADO  

Secret Ocean é estruturada em cima de um riff de guitarra bem 80’s com um beat praiano (ao meu modo) + vocais cantados em camadas que se complementam + elementos orgânicos embutidos em um mar de ruídos e sintetizadores analógicos (como um violão de aço, stomps, claps e até um piano). A ideia de seções bem distintas e com diferenças perceptíveis, é criar variação e interesse a cada ciclo, abusando da dicotomia entre elementos secos e outros com muita reverberação e distorção. A letra fala sobre encontrar um Oceano secreto no meio da rotina caótica, um esconderijo. O interlúdio é praticamente um pedido de resgate inspirado nos contos de Neil Gaiman, com o som de um violão de aço despretensioso e um piano assombrado, assim como o final acústico da faixa;

City of Sorrow começa como se fosse uma trilha sonora de abertura de um filme dos anos 80 dirigido por John Carpenter, com feedbacks de guitarra e um bumbo pulsando tipo 4 on the floor (Um beat de House). A estrofe tem cara de trilha sonora motivacional (ao meu modo) que leva até um pré-refrão lúdico sem letra e de dinâmica menor. O refrão é uma retomada do riff inicial anunciando a chegada nessa cidade – buraco negro. A letra fala da inquietação de viver em um lugar que não te deixa crescer e ter voz própria, cercado de pessoas tóxicas que só sabem criticar e procurar defeitos. O pós refrão com violinos, violas e cello recortados e sampleados de outras músicas minhas mais antigas é a perfeita representação da dualidade orgânica-robótica que permeia todo EP;


Turn me Off é a faixa mais otimista do disco, calcada em cima de um beat Hip-Hop cercado por riffs de guitarra e synths analógico e digitais (mais uma dicotomia). O interlúdio meio seqüencial mecânico lembra uma linha de produção meio ao estilo Kraut Rock, seguido por um refrão descaradamente otimista mas com letra nem tanto. A letra fala da tempestade de pensamentos que assombram uma rotina caótica e transformam uma vida em uma jornada de performance sem fim, um loop infinito que precisa ser desligado, por isso o pedido do refrão: Por favor, me desligue! O encerramento da faixa com o naipe de sopros alegre + solo de guitarra quase psicodélico, soterrado pelos outros elementos da música representa um quase-final feliz, bem a o estilo Stephen King.


FICHA TÉCNICA:

Todas as faixas compostas, produzidas, performadas, gravadas e mixadas por Lou Schmidt                                                    
Masterização de Áudio por Maurício GargeArte por Lou Schmidt
Visuais por Lou Schmidt
Color Grading por The End Post

Créditos: Yasmim Bianco

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